A oncologista Clarissa Mathias foi eleita pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) a primeira brasileira a compor a diretoria como membro internacional da instituição americana, considerada a mais importante e influente entidade de oncologia do mundo. “É um orgulho imenso. A Asco é uma organização fascinante, que se dedica ao avanço da inovação e da investigação científica, proporcionando um olhar direcionado ao paciente e influenciando médicos do mundo inteiro”, diz a médica, antes presidente do Comitê Internacional da Asco.
Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e integrante do conselho de administração da Oncoclínicas, Clarissa também é uma das especialistas brasileiras mais dedicadas à pesquisa e ao desenvolvimento de ações voltadas ao controle do câncer de pulmão no país – atividade que realiza pelo Instituto Oncoclínicas. Além disso, é uma das vozes mais fortes no debate pela equidade de acesso ao diagnóstico precoce, a medicamentos e a novas terapias no controle do câncer, tanto na rede pública, quanto na rede privada.
“É o nosso maior desafio: democratizar o acesso a esses tratamentos. Estamos tentando, junto ao Ministério da Saúde, entender como a gente consegue melhorar o acesso, já que temos muitas aprovações (de medicamentos e terapias) no país, mas que ainda são pouco utilizadas”, conta a médica. E acrescenta: “O Brasil tem excelentes pesquisadores clínicos e um número cada vez maior de pesquisas, mas precisamos oferecer tratamentos mais efetivos em todo o sistema de saúde”, completa Clarissa, que atua como oncologista clínica da Oncoclínicas na Bahia.
Ela ainda joga luz para a relevância das medidas preventivas no combate ao câncer. “Elas não recebem atenção apropriada. É preciso focar na redução do cigarro e do cigarro eletrônico, na redução de peso e no aumento de atividade física”, pontua.
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Diversidade e Espiritualidade
Atualmente, Clarissa também se destaca pela atuação humanista dentro da oncologia, com uma grande preocupação em questões como a diversidade e a inclusão. “Ser a primeira mulher eleita para uma carreira de membro Internacional também ressalta essa questão do empoderamento feminino, que temos que olhar cada vez mais. Dentro da medicina, hoje temos 70% de mulheres entre os estudantes. As mulheres ainda continuam sendo minoria nas posições de liderança. Acho que posso servir de exemplo para as mais jovens, até porque não abdiquei da minha vida pessoal para chegar onde cheguei”, reflete a médica, mãe de três filhos e membro do Comitê de Mulheres para Oncologia da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (Esmo).
Ela defende ainda a espiritualidade como um pilar integrativo dentro da saúde e da luta contra o câncer. “Eu acredito muito na força da fé e na espiritualidade. Sempre defendi essa abordagem”. Durante a pandemia, Clarissa promoveu cerca de 100 encontros ecumênicos online com pacientes da Oncoclínicas, que resultaram no livro beneficente “Encontros Ecumênicos – Amor e gratidão na arte de compartilhar” (Editora DOC). “A própria ASCO tem incorporado a importância da espiritualidade nas sessões plenárias. Uma grande vitória”, comemora.
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