Gypsy Rose Blanchard, agora com 32 anos, cumpriu oito anos de prisão pelo seu papel no assassinato da mãe, Clauddine “Dee Dee” Blanchard, e, na primeira entrevista televisiva desde que foi libertada, afirmou que acreditava que o homicídio era “a única saída”.
Numa entrevista ao programa Good Morning America da ABC, que foi para o ar esta sexta-feira, Gypsy Rose afirmou que partilhava a sua história “para que a próxima pessoa que possa estar numa situação como a minha não siga o caminho que eu segui”.
Rose foi condenada por homicídio em segundo grau, depois de a sua mãe ter sido esfaqueada até à morte em 2015. Durante anos, a mãe mentiu aos familiares e obrigava Gypsy Rose a fingir que estava gravemente doente, submetendo-a a procedimentos médicos desnecessários. Dee Dee dizia a todos que a filha sofria de distrofia muscular, leucemia e convulsões e também mentia sobre a idade de Gypsy.
Vários peritos afirmam que Dee Dee Blanchard sofria de um distúrbio psicológico conhecido como “síndrome de Munchausen por procuração”, em que um pai ou tutor exagera ou inventa as condições médicas e doenças aos filhos. Além de obrigar Gypsy Rose a usar cadeira de rodas, a mãe convenceu um médico a colocar um tubo de alimentação na jovem – algo de que não necessitava -, e mantinha o cabelo de Rose rapado.
A jovem foi também submetida a mais de 30 cirurgias. Para levar as operações a cabo, a mãe solicitava donativos monetários, muitos realizados por vizinhos e organizações nacionais, que chegaram até a organizar viagens à Disney World e a construir uma casa – para que se pudesse incluir uma rampa para a cadeira de rodas de Rose.
Contudo, um dia, Rose descobriu que nunca esteve doente e, para manter o controlo, a mãe começou a amarrá-la à cama.
“Não acredito que a minha mãe fosse um monstro. Ela tinha muitos demónios com que se debatia”, afirmou Rose na entrevista. “Eu não queria que ela morresse. Só queria sair da minha situação e pensei que aquela era a única saída.”
Dee Dee Blanchard foi esfaqueada até à morte na sua casa em Springfield, Missouri, em junho de 2015. Gypsy Rose Blanchard terá fornecido uma faca ao seu namorado, Nicholas Godejohn, e escondeu-se na casa de banho enquanto este matava a mãe.
Rose declarou-se culpada de homicídio em segundo grau e o caso, que deu até lugar a várias séries, ficou internacionalmente conhecido depois de terem surgido pormenores sobre os abusos a que tinha sido sujeita.
Godejohn, que Rose conheceu online, foi condenado a prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
Na entrevista à ABC, perguntaram a Rose se considerava “justo” que ele estivesse preso e ela em liberdade, ao que respondeu: “Bem, tenho a certeza de que ambos temos muitos arrependimentos. Tudo o que posso dizer é que cumpri o meu tempo, [e] ele está a cumprir o seu tempo pela sua parte. E desejo-lhe felicidades na sua jornada”.
Rose revelou ainda que era viciada em analgésicos e que se encontrava sob efeito quando planeou com Godejohn o assassínio da mãe.
A história foi representada no ecrã com a minissérie “The Act”, nos documentários “Mommy Dead and Dearest”, “Gypsy’s Revenge” e no filme “Corre” e esta sexta-feira estreia a série documental “The Prison Confessions of Gypsy Rose Blanchard”.
A 9 de janeiro será também lançado o livro “Released: Conversations on the Eve of Freedom”, um relato pessoal, escrito em colaboração com Melissa Moore e Michele Matrisciani, sobre o percurso de Gypsy Rose Blanchard desde que lhe disseram que sofria de doenças crónicas que moldaram a sua infância ao impacto da representação mediática da sua história.