A ONU anunciou esta terça-feira a nomeação de uma ministra cessante dos Países Baixos, Sigrid Kaag, como coordenadora da resposta humanitária e reconstrução de Gaza, determinada por uma resolução do Conselho de Segurança.
Sigrid Kaag irá “facilitar, coordenar, monitorizar e verificar os envios de ajuda humanitária para Gaza” e terá também a tarefa de “estabelecer um mecanismo das Nações Unidas para acelerar os envios de ajuda humanitária para Gaza através de Estados não parte no conflito”, disse o gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres, em comunicado.
A tomada de posse deve acontecer em 08 de janeiro, segundo a mesma fonte.
Kaag – ministra das Finanças e vice-primeira-ministra do Governo cessante de Mark Rute – foi nomeada ao abrigo da resolução do Conselho de Segurança adotada na sexta-feira, que exige a entrega de ajuda humanitária em grande escala a Gaza, mas não um cessar-fogo, que os Estados Unidos não defendem.
A guerra em Gaza já forçou 1,9 milhões de pessoas a fugir das suas casas, 85 por cento da população do território, segundo a ONU.
A ajuda internacional tem chegado em quantidades insuficientes a Gaza, sujeita por Israel a um cerco total desde 09 de outubro, depois de já mais de 16 anos de bloqueio israelita.
Em comunicado, Sigrid Kaag assegurou mais tarde que aceitou o cargo pretendendo contribuir para um “futuro melhor” na Faixa de Gaza como enviada da ONU.
“A paz, a segurança e a justiça sempre foram os meus motores”, disse a ministra neerlandesa, que no passado verão havia anunciado a sua saída da política.
Kaag disse que hoje mesmo pediu ao rei Guilherme Alexandre dos Países Baixos que faça efetiva a sua renúncia a partir de 08 de janeiro, quando assumirá o novo cargo nas Nações Unidas, para o qual foi convidada por Guterres.
A ministra neerlandesa, que até agosto era líder do partido liberal de esquerda D66, ocupou vários cargos governamentais no seu país, entre eles o de ministra de Relações Exteriores, ministra de Finanças e ministra de Comércio.
Também trabalhou em vários órgãos da ONU, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) ou a Organização Internacional para as Migrações (OIM), e ocupou posições variadas em programas da organização no Médio Oriente.
Israel prometeu destruir o grupo islamita Hamas, considerado terrorista por Estados Unidos e União Europeia, depois de um ataque levado a cabo por comandos infiltrados a partir de Gaza, em 07 de outubro, que provocou cerca de 1.140 mortos, a maioria deles civis.
Cerca de 250 pessoas foram sequestradas, segundo Israel, das quais 129 permanecem detidas em Gaza.
Nas operações militares de retaliação israelitas em Gaza, 20.915 pessoas foram mortas, a maioria mulheres, adolescentes e crianças, bem como 54.918 feridas, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.