Mesmo com a opacidade provocada pelas cidades e luzes artificiais, o céu continua sendo uma das fontes mais fascinantes de fenômenos naturais e pensamentos existencialistas. Em 2024 isso não será diferente e VEJA selecionou os eventos mais importantes que poderão ser observados no Hemisfério Sul.
Cometas
Cometas são grandes objetos feitos de poeira e gelo. Eles orbitam o Sol e, eventualmente, quando passam mais próximos do astro, podem ser vistos iluminando as noites terrestres. “Existem dois cometas previstos para este ano, mas eles são muito imprevisíveis, podem ser um espetáculo ou uma decepção”, afirma o astrofísico e professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP) Roberto Dell’Aglio Dias da Costa.
12P/Pons-Brooks
Também conhecido como Cometa do Diabo, o objeto é visto pelos chineses desde os anos 1300, mas foi oficialmente descoberto em 1812, pelo astrônomo francês Jean-Louis Pons. Ele demora 71 anos para dar uma volta em torno do Sol e, neste ano, atingirá seu periélio, quando está mais próximo do astro.
O cometa é um vulcão de gelo e, periodicamente, expele grandes jatos de água e compostos orgânicos. A referência ao diabo ocorre porque ele parece ter dois chifres — alguns, no entanto, preferem associar sua imagem à da Millennium Falcon, de Guerra nas Estrelas.
Ele poderá ser visto a olhos nus a partir de abril, na Constelação de Touro, e estará mais brilhante no dia 21 deste mês, quando chega ao seu periélio. Depois desse momento ele desaparecerá do céu no Hemisfério Norte, mas, no Sul, onde o Brasil se localiza, poderá ser visto ao longo de todo ano. No dia 2 de junho é quando ele estará mais próximo da Terra.
Tsuchinshan-Atlas
Este cometa foi descoberto em fevereiro de 2023, pelo telescópio Atlas, na África do Sul. Acredita-se que seu período orbital seja de 26.000 anos e que seu periélio aconteça em setembro de 2024, quando seu brilho estará semelhante ao das estrelas mais luminosas.
Apesar do período de maior proximidade do Sol só ocorrer em outubro, ele poderá ser visto no Hemisfério Sul entre junho, quando estará mais luminoso, e setembro, quando a cauda começa a ficar mais visível, mas o brilho estará menor para os observadores austrais.
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Eclipses lunares
Dois eclipses lunares acontecerão neste ano, mas apenas um poderá ser visto a olhos nus. O primeiro será um eclipse penumbral, entre 24 e 25 de março. Nesse tipo de evento celeste, a Lua passa pela umbra da Terra, parte mais fraca da sombra causada pelo planeta. Embora o brilho do satélite fique diminuído, isso só pode ser percebido utilizando ferramentas específicas. Entre 17 e 18 de setembro, no entanto, um eclipse parcial poderá ser visto nas Américas, na África e na Europa.
Superluas
Superluas são eventos que sempre chamam a atenção, mas que podem ser decepcionantes para os observadores mais afoitos. Esse não é um fenômeno astronômico oficial, mas comunidades de observadores dão esse nome quando a Lua atinge seu perigeu, momento em que está mais próxima da Terra, ao mesmo tempo em que está em fase de Lua cheia. A diferença no diâmetro aparente, no entanto, é pequena e só pode ser percebida utilizando ferramentas específicas. Em 2024, esse fenômeno deve acontecer duas vezes no segundo semestre, a primeira em 18 de setembro — sim, na mesma data do eclipse — e a segunda em 17 de outubro.
Eclipses solares
O ano contará com dois eclipses solares, quando a Lua fica entre o Sol e a Terra, mas apenas um deles será parcialmente visível do Brasil. O primeiro, em 8 de abril, será um eclipse total e poderá ser observado apenas na América do Norte. O segundo, um eclipse anular, ocorre em 2 de outubro e será visível na Argentina e no Chile — no centro-sul do Brasil ele poderá ser observado parcialmente, assim como na Bolívia, no Paraguai, no Uruguai e na Antártida.
No eclipse anular, a Lua cobre completamente o Sol, deixando apenas um anel de fogo ao redorNASA/Hinode/XRT/Reprodução
Chuvas de Meteoro
As chuvas de meteoros são eventos periódicos, que podem ser vistos todos os anos, nos mesmos períodos, quando pequenos detritos entram na atmosfera terrestre. “Elas nunca são exatamente iguais todos os anos, porque elas têm a ver com a Terra entrar em um caminho por onde passou, tipicamente, um cometa”, diz Costa.
Eta Aquáridas
Essa chuva é visível entre 15 de abril e 27 de maio, com seu pico esperado entre 5 e 6 do segundo mês. Embora os eventos sejam difíceis de prever, espera-se algo entre 30 e 60 meteoros por hora no Hemisfério Sul. A observação é feita na Constelação de Aquário e será favorecida pela Lua, que estará entre as fases de minguante e nova.
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Delta Aquáridas
Também observada na Constelação de Aquário e bem visível no Hemisfério Sul, essa chuva ocorre entre 18 de julho e 21 de agosto, sem um pico muito notável. Espera-se algo entre 15 e 20 meteoros por hora, uma minoria deles capazes de deixar rastros no céu que persistem por uma ou duas horas após a passagem.
Perseidas
Com duração entre 14 de julho e 1º de setembro, espera-se que o pico ocorra em 12 de agosto e, no Brasil, serão mais visíveis nas regiões Norte e Nordeste, na Constelação Perseu.
Orióniadas
Essa é a chuva de melhor visibilidade no Brasil. Ela é causada por detritos deixados pelo cometa Halley e ocorre entre 26 de setembro e 22 de novembro, com o pico previsto para 20 de outubro. Esse evento é conhecido por estrelas cadentes rápidas, muito brilhantes e que podem deixar rastros persistentes.
Gemínidas
Com duração entre 19 de novembro e 24 de dezembro, essa é uma das chuvas de meteoro que podem ser vistas no Hemisfério Sul. Seu pico deve ocorrer entre 13 e 14 de dezembro, na Constelação de Gêmeos.
Essas não são as únicas chuvas de meteoros que vão ocorrer ao longo do ano. Quadrântidas e Líridas, no primeiro semestre, Dracónidas, Táuridas, Leónidas e Ursídeas, no segundo, também vão acontecer, mas a visibilidade no Hemisfério Sul é sensivelmente menor.
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